Até podes achar estranho eu estar a fazer isto, a escrever isto. Mas aqui estou. A escrever-te. A confessar-te o quanto a nossa amizade é importante para mim. O quanto a tua amizade é necessária na minha vida. Já lá vão quase 12 anos, e olha para nós? O que vês? Eu vejo amor de irmãs, uma amizade nunca antes vistas. Chamar-te-ia de melhor amiga, mas essa palavra hoje em dia já está tão gasta, que para mim, já nem tem significado algum. Partilhávamos tudo. Vernizes, roupa, malas, brincos, tabaco, sorrisos, brincadeiras, saudades, desabafos. Para mim, eras o meu porto seguro, onde eu ficava cada vez que me sentia triste e com vontade de desabafar. Contava-te e ainda hoje te conto todos os meus segredos. Como dizem, sabes todos os meus podres. Todas as vezes que falho, todas as vezes que me levanto mesmo estando fraca. Estavas sempre para mim, assim como eu estava sempre para ti. E ainda estou, basta vires. Basta chamares pelo meu nome. Quem faz mal a ti, faz directamente a mim também. Lembras-te de quando nos conhecemos? Tu, uma miúda tímida, que passava pela minha rua, onde eu estava à varanda, e assim que passavas dizias "Olá" com um ar envergonhado. Então daí, veio tudo aquilo que foi construído até hoje. A amizade. Aquela que eu nunca trocaria por nada. Se estivéssemos as duas, fazíamos a festa por todos os outros que faltavam. Era assim. Arriscávamos. Sabíamos perder. Mas também sabíamos vencer. As noites que dormias em minha casa e eu na tua. As gargalhadas de quase 1 hora. Mas muitas vezes, o teu choro. O meu choro. Todos temos dias maus. Até nós. Sim, nós. Mais uma vez estamos a afastar-nos. Mais uma vez a nossa amizade está a perder-se com o tempo. Mas não me importa, porque tudo o que é verdadeiro, nunca se vai por completo. Então sei que um dia tudo voltará outra vez. Sei que um dia irão voltar as tardes, as noites. Os almoços, lanches e jantares. Os segredos, as novidades. Gosto quando chegas ao pé de mim e dizes, ou dizias, "Ai, nem sabes! Tenho uma novidade, até vais ficar parva!". Lembras-te do que todos diziam quando estavam connosco? Eu lembro: "Vocês estão sempre a rir-se uma para a outra.", pois era, mal sabiam eles, que com um olhar nós nem precisávamos de dizer mais nada. Bastava olharmos uma para a outra, e percebíamos logo o que queria dizer. Mais ninguém tinha esse poder. E nunca ninguém percebia. As vezes que arreliávamos uma com a outra. As vezes que andávamos à briga. E, mesmo que sejam poucas vezes, aquelas quando uma não concordava com a outra e fazia-se um momento constrangedor. Existem coisas insubstituíveis. E tu? Tu és uma delas. Sabes por tudo aquilo que passei, e sabes que muita coisa já me fugiu das mãos e eu não tive coragem de agarrar mais. Talvez não por não querer, mas sim por não poder.. O vento levou o que tinha para levar, mas eu cresci a aprender que tudo o que é verdadeiro volta e todos os dias. Então eu espero por isso, pela tua volta. Pelo teu jeito doce, e pela tua mentalidade crescida de mais para a idade. Acho que com esta não contavas, mas é a realidade.. Limpo o teu cantinho todos os dias para quando voltares, e se voltares, te sentires cómoda. Gosto muito de ti. Um beijinho,
com saudade (...)

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